quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Andando sobre as águas

E logo ordenou Jesus que os seus discípulos entrassem no barco, e fossem adiante para o outro lado, enquanto despedia a multidão. E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só. E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? E, quando subiram para o barco, acalmou o vento. Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus. 
Mateus 14:22-33

O texto bíblico em referência relata uma das mais belas experiências proporcionadas por Jesus aos seus discípulos, vamos refletir um pouco acerca desta passagem:

Jesus quer que enfrentemos a tempestade
O versículo 22 mostra que Jesus ordenou a seus discípulos que entrassem no barco. Ele pretendia proporcionar uma nova experiência àqueles homens. Para tanto, permitiu que enfrentassem tamanha dificuldade, algo que nem mesmo experientes homens do mar poderiam contornar.
São as lutas que nos levam ao amadurecimento, a compreendermos nossas limitações e a dependermos de Deus em tudo. O Senhor permite que enfrentemos um vento contrário no meio do mar para que possamos entender quão frágil é nosso barco, quão limitados nós somos, por mais experiências que tenhamos. A realidade é que sem Ele em nosso barco, não somos páreo para o mar bravio.

À quarta vigília da noite…
Jesus permitiu que os discípulos enfrentassem a tempestade por quase toda a noite. Ele lhes ordenou que fossem ao outro lado antes do anoitecer e foi encontrá-los apenas na quarta vigília da noite. Considerando que a noite era dividida em quatro vigílias, entendemos que eles lutaram contra a tempestade por um longo período. Estavam, portanto, no auge da exaustão e sem recursos para reverter aquela situação.Era, então, a hora propícia para o sobrenatural de Deus. A última hora, quando os recursos humanos se esgotam. Deus não divide sua glória com ninguém, sua poderosa mão se manifesta na última vigília da noite, quando pensamos que é o fim, quando o adversário pensa que venceu…Pra que não restem dúvidas de que é Ele quem opera em nós todas as coisas. Essa é a hora do milagre! 
Se em nossa jornada enfrentarmos tempestades estando em obediência a sua Palavra e, nesse processo, percebermos que todos os recursos estão se esgotando não devemos temer, pois este quadro indica que temos um cenário pronto para a manifestação do poder de Deus em nossas vidas.

…assustaram-se e gritaram de medo…
No versículo 26, vemos a reação do homem natural frente à manifestação da Glória de Deus. Muitas vezes nos julgamos espirituais, mas agimos da mesma forma. Clamamos ao Senhor por sua intervenção e nos assombramos diante do seu agir. Buscamos uma explicação lógica para tudo e quando os fatos contrariam nosso raciocínio, ficamos perdidos, desorientados. Não reconhecemos nosso Deus porque não o conhecemos de fato. 
Os discípulos poderiam esperar que o Mestre, que os enviara para tal jornada, lhes aparecesse numa outra embarcação para lhes salvar. Eles certamente ficariam felizes em serem resgatados pelo Senhor, mas que experiência teriam adquirido? Toda aquela adversidade tinha um propósito. 
Se ao invés de reclamarmos tanto dos nossos problemas passássemos a buscar em oração a orientação de Deus, então compreenderíamos melhor o que Ele deseja nos ensinar. Os discípulos estavam assustados, cansados de lutar contra as ondas, sob as densas trevas da quarta vigília da noite e não conseguiram reconhecer que era o Senhor que se aproximava. Eles já tinham presenciado muitos sinais e maravilhas, mas aquilo era demais...mesmo para o Mestre! Constataram, então, que aquele era um fantasma. 
Tenhamos discernimento e saibamos reconhecer que no momento de maior dificuldade o Senhor não virá a nós num barco mais forte, para nos socorrer, ele virá sobre as águas para nos mostrar que até as circunstâncias que nos assolam lhes são sujeitas. Seus pensamentos não são os nossos pensamentos, seu agir não está vinculado às nossas expectativas.

...manda-me ir ter contigo sobre as águas...
A apresentação de Jesus aos discípulos poderia marcar o final de mais uma bela história, porém algo especial estava por acontecer e aqui falaremos de Pedro e de sua ousadia.Muito lembrado como alguém impulsivo, inconstante, a quem o Senhor não poucas vezes chamou a atenção, Pedro foi o único homem que teve o privilégio de andar com Jesus sobre as águas. Todos os discípulos viram o milagre, mas somente Pedro viveu o milagre. E tudo isso porque enquanto os outros duvidavam de que aquele fosse o Senhor, apenas ele teve ousadia para ir ao seu encontro.
Deus deseja ter comunhão com os seus, Ele deseja ter um relacionamento conosco. Fico a me perguntar o que aconteceria se todos pedissem ao mesmo tempo para ir ter com o Mestre sobre as águas. A possibilidade foi dada a todos, porém muitas pessoas contentam-se em ser expectadores. Não é diferente em nossos dias. Somos como discípulos no barco, olhando para Pedro e nos perguntando, como ele pode ser tão ousado? Será que ele vai cair? Por quanto tempo ele vai permanecer?

Vem...
A resposta de Jesus a Pedro é simples e nos mostra objetividade. Pedro foi direto em seu pedido, Jesus respondeu no mesmo tom: “Vem! “Diante da resposta de Jesus, Pedro deixa o barco e começa a caminhar sobre as águas, até o momento em que, assustado pelo vento, vacila e logo é socorrido pelo Senhor.O que esta experiência significa para nossas vidas?
Podemos visualisar três momentos em nossa jornada:
O primeiro momento refere-se a terra firme. Quando nos sentimos seguros em nós mesmos. Estado em que se encontram muitas pessoas cuja fé é apenas teórica. Não há experiência com Deus, portanto, também não há intimidade.
O segundo momento, é o momento da crise, quando deixamos a segurança da terra, aceitamos a ordem de Jesus e seguimos num mar revolto em obediência à sua Palavra. Muitas pessoas, nessa etapa encontram o conforto em Cristo, que acalma o vento e o mar e sentem-se satisfeitas.
Poucos são os que vivem o terceiro momento, de cresimento espiritual, o momento de experiência íntima com Deus, proporcionado aos que desejam e expressam este desejo com suas atitudes diante do Senhor. Estes deixam seu último resquício de confiança em si mesmo para depender totalmente de Deus. Andar sobre as águas é confiar totalmente em Jesus. Olhar para Ele e seguir. Por isso são poucos os que desfrutam disso. Temos uma tendência natural a nos apoiarmos em alguma coisa. Queremos sentir o solo sob nossos pés, o que pode ser traduzido em condições financeiras, amigos, saúde. Quando andamos sobre as águas só Jesus importa!
Aos que querem viver uma vida de plenitude, abandonando a mediocridade e o conformismo. Aos que já deixaram o porto e estão no barco lutando com a tempestade ao longo de toda noite, sabendo que há um propósito de Deus para esta situação. Jesus não quer apenas que você contemple o seu poder, Ele, numa única palavra te autoriza a viver o seu poder.
“Vem!”
Quando ele te chamar não olhe para o vento, não olhe para as águas, não importa qual a profundidade do mar, pois ele estará sob seus pés. Olhe para Jesus, siga ao seus encontro, ande sobre as águas!!!

Em Cristo
Junior Lima

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Deixando os Túmulos

Lucas 23:50-56 e 24:1-12
50 E eis que um homem por nome José, senador, homem de bem e justo 51 (que não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros), natural de Arimateia, cidade dos judeus, e que também esperava o Reino de Deus, 52 este, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus. 53 E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol e pô-lo num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto. 54 E era o Dia da Preparação, e amanhecia o sábado. 55 E as mulheres que tinham vindo com ele da Galileia seguiram também e viram o sepulcro e como foi posto o seu corpo. 56 E, voltando elas, prepararam especiarias e unguentos e, no sábado, repousaram, conforme o mandamento.

1 E, no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado. 2 E acharam a pedra do sepulcro removida. 3 E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. 4 E aconteceu que, estando elas perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois varões com vestes resplandecentes. 5 E, estando elas muito atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhe disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? 6 Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galileia, 7 dizendo: Convém que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e, ao terceiro dia, ressuscite. 8 E lembraram-se das suas palavras. 9 E, voltando do sepulcro, anunciaram todas essas coisas aos onze e a todos os demais. 10 E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam as que diziam estas coisas aos apóstolos. 11 E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram. 12 Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lenços ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.

A passagem que abordamos é de grande conhecimento no meio cristão pois refere-se a ressurreição do Senhor Jesus. Nosso objetivo, contudo, é analisar a expectativa daqueles que o seguiam e ouviam suas palavras. Para tanto, consideremos o seguinte:

Jesus predisse sua morte, porém assegurou que iria ressurgir (Lc 24:6-8) O Senhor não quer que fiquemos confundidos e em todo o tempo está a nos alertar acerca do que irá acontecer a fim de que confiemos nEle para vencer. No entanto, quando os problemas nos alcançam, costumeiramente esquecemos de suas promessas e enxergamos apenas as circunstâncias. Este sentimento atingiu também aquelas mulheres que, conformadas com a sua morte resolveram cuidar de seu corpo levando especiarias e unguento para embalsamar o que lhes restara do Messias. Tal atitude nos mostra um grande amor por Jesus, mas também leva-nos a uma triste constatação: elas concluiram que tudo estava perdido e que nem mesmo Ele poderia reverter aquela situação.

Após compreenderem que Jesus havia ressuscitado as mulheres finalmente se lembraram de suas palavras e logo foram anunciar aos apóstolos que, por sua vez, não lhes deram crédito. Seus próprios discípulos, que estiveram com Ele ao longo de todo seu ministério terreno, resistiram a idéia da ressurreição e duvidaram de seu poder, atentando para as circunstâncias. O que não aconteceu de repente, pois mesmo antes da crucificação já estavam assustados. Após sua prisão eles se dispersaram (Mt 26:56b) e Pedro, que acompanhava tudo a distância, o negou três vezes ao ser confrontado (Mt 26:58-75). E agora, que todos o viram morrer, era como se todas as suas esperanças tivessem morrido naquela cruz. Estavam inclusive voltando as suas antigas atividades (Jo 21:3).
Todos sabemos que com sua morte e ressurreição Jesus restaurou a comunhão do homem com Deus. Mas de uma maneira particular Ele também chamou seus discípulos a compreenderem a verdadeira fé, “o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem”(Hb 11.1) Era necessário que eles compreendessem que não importavam as circunstâncias, suas palavras não passariam. De igual modo Ele nos ensina que não devemos embalsamar nossas esperanças nos túmulos, nem voltar a nossa antiga vida. Devemos prosseguir, sabendo que tudo o que nos foi prometido certamente se cumprirá.

Muitas vezes enfrentamos situações tão terríveis que parecem não ter reversão. Temos uma fé limitada que depende de algum fator no qual possamos nos agarrar para então continuarmos acreditando. Mas quando perdemos nosso apoio, deixamos de crer. É sempre mais fácil acreditar naquilo que é palpável, que está dentro de uma lógica que podemos compreender. Mas a verdadeira fé consiste no sobrenatural. Tantas pessoas após sofrerem frustações passam a viver de lembranças, apegando-se a elas como se fossem seu último resquício de vida. Mas Deus quer nos trazer para uma nova vida, cheia do Espírito Santo, a saltar as muralhas e avistar adiante onde nos aguarda a restauração de nossos sonhos. É hora de deixarmos os túmulos, pois Ele não está mais ali. Ele já ressuscitou, como havia prometido.

Levantemo-nos para vivermos uma nova história, tenhamos ousadia para como Pedro verificar que o túmulo realmente estava vazio. Temos guardado dentro de nós verdadeiros depósitos para nossas frustações. Grandes sonhos e projetos que abandonamos por causa das dificuldades. Nos esquecemos que o Senhor nos prometeu a vitória no fim e desistimos no meio. Mas assim como a morte e o inferno não o puderam resistir, nossas frustações e temores não poderão conter a manifestação da plenitude de Cristo em nossas vidas.

Em Cristo

Junior Lima